A tensão entre Rússia e Estados Unidos atinge um nível crítico, com a ameaça de uma escalada nuclear sendo mais iminente do que nunca, em meio ao prolongamento da guerra na Ucrânia. O Kremlin, por meio do porta-voz Dmitry Peskov, confirmou que, embora exista uma linha direta de comunicação entre os presidentes da Rússia e dos EUA, essa linha não está sendo utilizada no momento. A criação de uma linha direta, estabelecida em 1963 após a Crise dos Mísseis de Cuba, visava evitar mal-entendidos que pudessem levar a um confronto nuclear. No entanto, com a recente permissão dos EUA para que a Ucrânia use mísseis ATACMS de longo alcance contra território russo, a relação entre Moscou e Washington se deteriorou ainda mais.
Em uma resposta direta à intensificação do uso de armas fornecidas pelos EUA à Ucrânia, como os mísseis ATACMS, o presidente russo Vladimir Putin reduziu os limites para o uso de armas nucleares, um movimento que sinaliza que a Rússia está se preparando para reagir mais agressivamente a qualquer ataque direto ou indireto proveniente do Ocidente. Moscou interpreta a utilização de tais armas como uma escalada do conflito, o que pode levar à implicação direta dos EUA na guerra, o que é visto como um erro fatal.
Ao mesmo tempo, a Rússia mantém que sua doutrina nuclear é uma estratégia de dissuasão, e que qualquer ataque direto contra o território russo resultará em retaliações catastróficas. A narrativa do Kremlin sugere que o Ocidente, ao fornecer armamentos a Kiev, está tentando enfraquecer estrategicamente a Rússia, usando a Ucrânia como um “peão” para atingir seus objetivos geopolíticos. A comparação com a Crise dos Mísseis de Cuba é relevante, pois, assim como em 1962, a situação atual traz a possibilidade de um erro de cálculo que possa resultar em um conflito nuclear total.
A crise Rússia-EUA, portanto, se aproxima de um ponto sem retorno. Enquanto a Rússia vê os EUA como um antagonista direto, as tensões globais se aprofundam, com potenciais consequências devastadoras para a estabilidade mundial.
Fonte: Reuters.