A agricultura brasileira se transforma a cada dia e não para de crescer, sua expansão é nítida a cada dia com os resultados obtidos a cada ano. Uma das formas que ao longo desse tempo tem se tornado menos dependente das condições atmosféricas em uma agricultura moderna é a prática da irrigação, que consequentemente está diretamente ligada às técnicas de produção de água na bacia hidrográfica.
Porém o sucesso dessas técnicas infelizmente ainda está atrelado à interação dos fatores climáticos e hidrológicos com as técnicas de manejo de bacias, ou seja, com a regulação sazonal da vazão de um curso d’água, procurando obter uma menor variação na vazão entre as épocas de chuvas e as épocas mais secas do ano, dependendo assim, cada vez menos dos fatores climáticos.
O modelo de Sistemas Agrossilvipastoris (SASP) é a combinação intencional de árvores (árvores ou outras espécies perenes lenhosas), pastagem e gado, e lavoura agrícola numa mesma área ao mesmo tempo e manejados de forma integrada, com o objetivo de incrementar a produtividade por unidade de área. Nesses sistemas, ocorrem interações em todos os sentidos e em diferentes magnitudes.
Os Sistemas Agrossilvipastoris apresentam grande potencial de benefícios econômicos e ambientais para os produtores e para a sociedade. São sistemas multifuncionais, onde existe a possibilidade de intensificar a produção pelo manejo integrado dos recursos naturais evitando sua degradação, além de recuperar sua capacidade produtiva.
Por exemplo, a criação de animais com árvores dispersas na pastagem, árvores em divisas e em barreiras de quebra-ventos, podem reduzir a erosão, melhorar a conservação da água, reduzir a necessidade de fertilizantes minerais, capturar e fixar carbono, diversificar a produção, aumentar a renda e a biodiversidade, melhorar o conforto dos animais.
“Apresentamos o presente Projeto de Lei nº 1.765/2022, por mim apresentada, que classifica as barragens para irrigação, represas e todos os sistemas de captação de água vinculados às atividades agrossilvipastoris como de utilidade pública para fins de licenciamento ambiental, o que irá permitir o melhor aproveitamento desses recursos hídricos, fortalecendo, assim, a agricultura brasileira” afirmou o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL/RO).
Embora técnicas de combinação de árvores com agropecuária já tenham sido praticadas antes mesmo do surgimento da agricultura moderna, a ciência da agrossilvicultura surgiu apenas na década de 1970, quando se realizaram grandes estudos sobre o papel das árvores na saúde do solos tropicais. As bases principais da prática estão na silvicultura (estudo da regeneração e exploração de florestas), agricultura, zootecnia e manejo do solo. Seus objetivos variam da produção de alimentos, produtos florestais madeireiros e não madeireiros, melhoria da paisagem, incremento da diversidade genética e conservação ambiental.
Os Sistemas Agrossilvipastoris têm vantagens em relação aos sistemas convencionais de uso da terra, pois permitem maior diversidade e maior sustentabilidade. A coexistência de mais de uma espécie numa mesma área melhora a utilização da água e dos nutrientes do solo. Há ainda a recuperação da fertilidade dos solos, o fornecimento de adubos verdes e o controle de ervas daninhas.
Nesses casos, a alternativa sempre foi a construção de barragens de irrigação, o que se convencionou denominar “Zero Água ao Mar”, evitando que recursos hídricos tão essenciais à sobrevivência humana sejam simplesmente vertidos nas correntes oceânicas. No entanto, tais barragens necessitam de investimento financeiro, humano e ambiental, além de acompanhamento, monitoramento e manutenção para garantir seu funcionamento e evitar acidentes.