A execução do empresário e delator do PCC, Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, levantou questões sobre os perigos de recusar o programa de proteção oferecido pelo Ministério Público. De acordo com o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, responsável pela investigação, Gritzbach optou por não entrar no programa de proteção para preservar seu estilo de vida e manter os vínculos com familiares e amigos, acreditando que poderia custear sua própria segurança.
Gakiya, que atua há anos no combate ao crime organizado, comentou que a decisão de Gritzbach foi feita com o acompanhamento de advogados, e que o delator estava ciente dos riscos. “Ele tinha de abandonar sua vida e romper com qualquer vínculo com o crime, algo que se recusou a fazer. Sabia dos riscos e achava que poderia se proteger,” destacou Gakiya. A defesa do empresário confirmou que a escolha foi pessoal, recusando o programa de proteção oferecido.
Gritzbach, envolvido há mais de uma década em esquemas de lavagem de dinheiro para o PCC, respondia a acusações graves, incluindo um duplo homicídio e uma série de processos de lavagem de dinheiro. Ele utilizava diversos meios, como venda de imóveis, comércio de joias, bitcoins, postos de gasolina e fintechs, para movimentar capital do crime. Em liberdade graças a um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Gritzbach tinha ido a Maceió cobrar uma dívida e, na bagagem, carregava joias avaliadas em mais de R$ 1 milhão quando foi assassinado.
No momento da execução, os seguranças particulares de Gritzbach, contratados por ele, não estavam presentes. A ausência deles levantou suspeitas, já que afirmaram em depoimento que houve problemas com o carro que deveria buscá-lo no aeroporto, enquanto outro veículo teve de retornar a um posto de combustível. Investigadores suspeitam que a ausência dos seguranças possa ter sido proposital.
Para o promotor Gakiya, o assassinato de Gritzbach em plena luz do dia em um dos aeroportos mais movimentados do país foi um recado do crime organizado, que demonstra uma escalada de audácia e violência. “Foi uma demonstração de poder, uma mensagem clara para a sociedade sobre os riscos de envolvimento com o crime organizado, principalmente no gerenciamento do dinheiro ilícito,” declarou. Esse evento, segundo Gakiya, marca uma nova etapa do crime organizado no Brasil e acende um alerta às autoridades sobre o aumento de poder e ousadia desses grupos.
fonte: G1