Diretoria considerou estagnado o trabalho do treinador no comando da equipe
A pressão sobre Tite agitou os bastidores do Flamengo nos últimos dias, principalmente depois da eliminação na Libertadores. A demissão do treinador foi anunciada dois dias antes do início da semifinal da Copa do Brasil contra o Corinthians. Por que a diretoria decidiu mudar o comando da equipe antes mesmo do mata-mata?
Nem mesmo o reencontro do time com a vitória depois de quatro jogos, ao derrotar o Athletico-PR por 1 a 0 no domingo, no Maracanã, aliviou a pressão interna ou mudou a avaliação do trabalho, considerado estagnado nos corredores da Gávea e do Ninho do Urubu.
Tite chegou em outubro do ano passado com enorme prestígio. Na conquista invicta do Carioca, com a melhor defesa da história da competição sofrendo apenas um gol, o time viveu momento de regularidade. Durante a Copa América, o técnico também ganhou pontos ao sobreviver com muitos desfalques, mantendo a equipe competitiva. Porém, a queda de produção a partir de agosto ligou o sinal de alerta, embora a diretoria entendesse que a quantidade de desfalques tinha grande influência no processo.
Após a queda na Libertadores, com a semifinal da Copa do Brasil contra o Corinthians batendo à porta, a diretoria decidiu tratar o jogo contra o Athletico-PR como “última chance” para o time de Tite reencontrar o bom futebol, o que não ocorreu. A vitória só saiu com um gol de Gerson aos 44 minutos do segundo tempo. A essa altura, o caminho já não tinha mais volta.
Ao fim das partidas, Tite costuma demorar para dar entrevista. No domingo, a rápida chegada do treinador à sala de coletivas do Maracanã chamou atenção. Era um sinal. Indicava que o contato entre jogadores e comissão técnica fora breve, com a tradicional oração e a convocação para o treino do dia seguinte. Mas a falta de sintonia e o distanciamento incomodaram os dirigentes rubro-negros. A cena foi encarada como mais uma razão para promover a mudança e tentar chacoalhar o ambiente na reta final de temporada.
Depois do jogo, o presidente Rodolfo Landim e o vice de futebol Marcos Braz conversaram algumas vezes entre si. Já no início da manhã desta segunda-feira, um novo contato definiu pela mudança. O passo seguinte foi informar a decisão ao representante do treinador, Gilmar Veloz. Depois que Tite foi comunicado, a direção rubro-negra publicou a nota oficial às 7h30.
Exemplo de Sampaoli e multa baixa
Em 2023, mesmo com o desempenho ruim do time, a diretoria decidiu manter Jorge Sampaoli para a final da Copa do Brasil. Na ocasião, o Flamengo perdeu para o São Paulo e terminou o ano zerado.
Desta vez, Landim e seus pares apostam num “fato novo” para tentar evitar que o cenário do fim do ano passado se repita. A eleição presidencial do clube, marcada para 9 de dezembro, também foi pano de fundo da decisão de demitir um treinador com baixíssima popularidade diante da torcida, o que ficou evidenciado pela quantidade de xingamentos a ele no Maracanã no domingo.
Outra diferença é que a multa desta vez é baixa. O Flamengo precisa pagar 50% do restante do contrato, mas Tite tinha só mais três meses de vínculo e receberá cerca de R$ 3 milhões.
Confiança em Filipe Luís
A possibilidade de recorrer a Filipe Luís, técnico do sub-20, vinha sendo amadurecida nos bastidores. E ganhou força após a eliminação na Libertadores na quinta-feira. A relação de confiança entre o ex-lateral e Marcos Braz desde a época em que o dirigente foi à Espanha contratar o jogador em 2019, ajudou no processo de convencimento, e a conversa entre eles foi rápida.
Apesar de ter sido anunciado como interino, a ideia do Flamengo é assinar um contrato com Filipe Luís até o fim de 2025, mesmo com a entrada de uma nova diretoria no clube em janeiro após a eleição. O técnico disputaria esta semana o título do Carioca Sub-20, mas já mudará a rotina e começa a trabalhar com o profissional na tarde desta segunda-feira no Ninho do Urubu.
Fonte: GE