O erro sistemático nas pesquisas de opinião pública que subestimam o apoio a Donald Trump tem se repetido ao longo de três ciclos eleitorais consecutivos, gerando questionamentos sobre as metodologias propostas. Em 2024, as pesquisas indicavam que Trump estava atrás da vice-presidente Kamala Harris por 1 ponto percentual, mas, no resultado final, ele superou Harris por 2 pontos, o que equivale a uma diferença de 3 pontos a mais que o esperado. Essas declarações não são exclusivas de 2024, mas já ocorreram nas eleições de 2016 e 2020, quando os estudos também falharam em prever com precisão o desempenho de Trump. Em 2016, as pesquisas subestimaram sua força em 2 pontos, enquanto em 2020 o erro foi de 4 pontos.
Embora essas discrepâncias se encontrem dentro da margem de erro estatístico das pesquisas, elas refletem um desafio constante para os pesquisadores, principalmente devido à dificuldade de alcançar e obter respostas das pesquisas de Trump. O eleitorado republicano, especialmente o de Trump, tem sido mostrado mais relutante em responder às pesquisas, o que contribui para a subestimação do seu apoio. Alguns estudiosos sugerem que a figura de Trump, como um político outsider, cria uma dinâmica que leva seus investidores a desconfiarem e a se distanciarem das pesquisas tradicionais.
A falta de respostas consistentes dos apoiadores de Trump é uma preocupação crescente entre os pesquisadores, que aponta que a desconfiança nas pesquisas pode prejudicar a adição de todo o processo. Além disso, a crescente dificuldade em contactar candidatos devido à saturação de spam e à queda nas taxas de resposta em pesquisas em geral tornam as estimativas cada vez mais imprecisas.
Embora os pesquisadores tentem refinar suas abordagens para melhorar a precisão das variações, como demonstrado pelos esforços da Marquette Law School, que divide Wisconsin em mais regiões para obter amostras mais representativas, os erros continuam a ser um ponto de destaque. A introdução de novas tecnologias de amostragem e acompanhamento, como o envio prévio de e-mails para aumentar as taxas de resposta, tem mostrado resultados recomendados, mas ainda longe de uma solução definitiva.
Além disso, as pesquisas de opinião não subestimaram o apoio republicano nas eleições de meio de mandato, o que indica que o problema está mais relacionado ao comportamento eleitoral nas eleições presidenciais. Essas eleições atraem um eleitorado mais amplo e, muitas vezes, incluem eleições ocasionais que tendem a ser mais difíceis de alcançar. Esses pontos colocados em questão se os métodos tradicionais de pesquisa são ainda eficazes para medir o apoio presidencial de maneira precisa.
Em um cenário de crescente desconfiança pública nas instituições políticas e nas pesquisas, os especialistas acreditam que a confiança no processo de pesquisa e nos próprios resultados pode ser prejudicada, amplificando a desinformação e a polarização política. Por fim, as forças de pesquisa que se propõem a revisar as metodologias das pesquisas eleitorais de 2024 terão um grande desafio pela frente, não apenas para corrigir falhas passadas, mas também para entender e adaptar-se a um eleitorado que parece resistir à sondagem política .
Fonte: Reuters