
Explosões marcaram a manhã de quarta-feira (13) em Kiev, quando autoridades ucranianas confirmaram que a Rússia realizou seu primeiro ataque com mísseis contra a capital ucraniana desde o mês de agosto. O ataque forçou centenas de moradores, incluindo mulheres idosas e crianças, a se abrigarem nas estações subterrâneas do metrô para escapar das explosões e da ameaça constante de novos bombardeios.
O medo de novos ataques com mísseis tem sido uma preocupação crescente entre os ucranianos, especialmente com a chegada do inverno e o agravamento da situação no sistema de energia. Autoridades já alertaram para o risco de apagões prolongados devido a possíveis ataques russos contra a infraestrutura elétrica do país.
A Força Aérea da Ucrânia relatou que conseguiu interceptar uma parte dos mísseis russos: dois mísseis de cruzeiro, dois mísseis balísticos e 37 drones foram derrubados ao longo do território ucraniano. Não houve registro de vítimas ou grandes danos na capital, Kiev, apesar das explosões que ecoaram pela cidade durante a manhã.
Em resposta ao ataque, Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, escreveu em sua conta no Telegram: “Putin está lançando um ataque com mísseis contra Kiev neste momento”. Enquanto isso, autoridades locais informaram que resíduos de mísseis caíram em áreas periféricas de Kiev, ferindo um homem de 48 anos e causando um incêndio em um armazém próximo.
Embora o ataque tenha sido significativo, a cidade de Kiev tem enfrentado uma série de desafios devido aos constantes ataques aéreos russos. Nos últimos meses, a capital tem sido alvo de intensos ataques de drones quase todas as noites. O prefeito da cidade, Vitali Klitschko, revelou que um drone ainda estava sobrevoando o centro de Kiev durante as primeiras horas da manhã, quando os moradores se abrigavam.
“Explosões na cidade. As forças de defesa aérea estão trabalhando. Fiquem em abrigos!”, alertou a administração de Kiev em sua conta no Telegram, enquanto a população tentava encontrar refúgio nas estações de metrô e outros abrigos improvisados.
A estação central de metrô Universitet se tornou um local de abrigo para cerca de 100 moradores, incluindo várias crianças pequenas, que se amontoavam em tapetes de ioga enquanto as mulheres idosas ocupavam cadeiras dobráveis. Muitos dos abrigados se queixaram da falta de sono devido aos alarmes de ataque aéreo constantes, que são acionados sempre que há risco de um novo bombardeio. “As manhãs estão totalmente arruinadas. Comecei a faculdade em setembro e todas as manhãs têm sido arruinadas pelos malditos russos. Não consigo dormir, não consigo pensar e tomo bebidas energéticas o tempo todo”, desabafou Mykyta, um adolescente que, em meio ao medo e à tensão, abraçava seu cachorro no metrô.
A tensão aumenta ainda mais com a expectativa de novos ataques russos. Desde o início do ano, a Rússia tem visado instalações de energia ucranianas com ataques regulares, causando apagões em várias regiões. Embora a situação tenha melhorado nas últimas semanas, as autoridades ucranianas estão em alerta máximo, temendo que o Kremlin esteja preparando um novo ataque em grande escala. Andrii Kovalenko, funcionário sênior do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, alertou que a Rússia estava acumulando um grande número de mísseis de cruzeiro, prontos para um novo ataque “maciço” contra alvos estratégicos ucranianos.
Após o ataque desta quarta-feira, a operadora da rede elétrica Ukrenergo anunciou que a Ucrânia precisaria limitar o fornecimento de eletricidade para empresas devido a uma “redução significativa” das importações de energia e da geração interna. O impacto dos ataques sobre o sistema elétrico pode ser profundo, considerando o aumento da demanda por eletricidade durante o inverno.
Apesar dos ataques constantes com drones, este foi o primeiro ataque com mísseis contra Kiev desde 26 de agosto, quando a Rússia lançou uma grande ofensiva contra a Ucrânia, empregando mais de 200 drones e mísseis em um único ataque. Naquele dia, sete pessoas perderam a vida devido ao bombardeio, e diversas áreas de Kiev e outras regiões ucranianas sofreram danos significativos. A recente escalada de ataques com mísseis e drones indica que o Kremlin pode estar se preparando para um aumento na intensidade dos ataques contra alvos ucranianos, especialmente em um momento crítico, com a chegada do inverno e o agravamento das condições de energia no país.
O governo ucraniano continua mobilizando suas forças de defesa aérea para minimizar os danos e proteger a população, enquanto a população de Kiev vive sob o temor constante de novos ataques russos. A situação na capital permanece tensa, com as autoridades locais mantendo a vigilância e o alerta máximo para quaisquer ameaças à segurança dos cidadãos. A guerra continua a causar um impacto devastador na Ucrânia, afetando tanto a infraestrutura vital quanto a vida cotidiana de milhões de pessoas que buscam sobreviver em meio à violência e ao caos.
fonte:REUTERS