Incidente Sem Precedentes
Seis pacientes no Rio de Janeiro que estavam na fila de transplantes da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) receberam órgãos contaminados com HIV, resultando em diagnósticos positivos para o vírus. Esse fato inédito foi confirmado pela SES-RJ e está sendo investigado pelo Ministério da Saúde e pela Polícia Civil.
Origem do Erro
O erro foi atribuído ao PCS Lab Saleme, um laboratório privado de Nova Iguaçu, contratado pela SES-RJ para realizar testes sorológicos em órgãos doados. A falta de kits para exames de sangue e a ausência de documentação comprobatória sobre a compra dos itens levantaram suspeitas de que os testes podem não ter sido realizados adequadamente, com resultados possivelmente forjados.
Investigação e Medidas Adotadas
A Coordenadoria Estadual de Transplantes e a Vigilância Sanitária interditaram o laboratório, e a Delegacia do Consumidor está à frente das investigações. Além disso, a Anvisa identificou irregularidades no laboratório, o que reforçou as suspeitas sobre a qualidade dos testes realizados.
Transplantes Realizados e Detecção do HIV
O problema foi descoberto em setembro de 2024, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. Ele havia recebido um coração em janeiro, e, ao investigar o caso, as autoridades constataram que outros órgãos doados na mesma ocasião também estavam contaminados.
A SES-RJ refez os exames das amostras de órgãos doados, confirmando que os dois receptores de rins também testaram positivo para o HIV. A pessoa que recebeu a córnea, por sua vez, não apresentou o vírus. Um dos pacientes que recebeu o fígado faleceu logo após o transplante, mas a morte não foi atribuída ao HIV, pois o quadro clínico já era grave.
Ação da Secretaria de Saúde
Após a descoberta, a Secretaria de Saúde do RJ transferiu todos os exames de sorologia do PCS Lab Saleme para o Hemorio, que agora está responsável pelos testes. Além disso, a secretaria anunciou que reanalisará o material de 286 doadores para garantir a segurança nos próximos transplantes.
O que a SES-RJ diz
“A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o caso inadmissível. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados e, imediatamente, foram tomadas medidas para garantir a segurança dos transplantados.
O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente. Com isso, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio.
A Secretaria está realizando um rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório.
Uma sindicância foi instaurada para identificar e punir os responsáveis. Por necessidade de preservação das identidades dos doadores e transplantados, bem como do encaminhamento da sindicância, não serão divulgados detalhes das circunstâncias.
Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas.”
Fonte: G1